2004/10/24

Os Resultados das Europeias e a Democracia!

Aviso!
O assunto, neste “Blog” é sempre o mesmo. Os factos a que se referem os diferentes artigos são apenas “facetas” da mesma questão. Por isso qualquer comentário tem cabimento em qualquer altura.

As “lições” que nos dão os resultados das Eleições Europeias!

Este texto, que se segue, faz parte dos meus “apontamentos” de que já falei!
“2004-06-14
Ontem foi dia de eleições, para o Parlamento Europeu. Hoje, logo de manhã, fui comprar o jornal e fiz uma coisa que nunca tinha feito antes: refiz as contas e as percentagens, como eu acho que os resultados deveriam ser calculados e publicados. Tive uma grande surpresa!
Comecei por calcular as percentagens de eleitores que votaram em cada partido, que se abstiveram, etc., dividindo o número de votos indicado, pelo total de eleitores inscritos (como se faz qualquer percentagem!). No final, somei as percentagens, assim calculadas, e esperei que a soma desse cem. Não deu! Voltei a fazer as contas todas, para ver se me tinha enganado e voltei a obter o mesmo resultado. O total dava 100,50%. Perante tal absurdo, decidi somar o número de eleitores que votaram em cada partido, os que se abstiveram, etc. e, qual não é o meu espanto quando verifico que esta soma tinha 43 862 eleitores a mais do que o total de eleitores inscritos. Voltei a ver, com atenção, as percentagens indicadas pelas televisões, mas todos os valores coincidiam. Liguei para um dos jornais (D.N.), que guardei, por via das dúvidas, e disseram-me que eles lá não inventavam números; se os tinham publicado é porque eram os valores oficiais. Mas que grande vigarice!
O mais interessante deste meu esforço (recalcular a distribuição percentual dos eleitores) foi constatar a enorme diferença entre estes valores (os correctos) e os valores das percentagens atribuídas a cada partido, pelos resultados oficiais. Aquilo a que eu chamo a vigarice deste sistema! Ora vejamos:
Nº de eleitores ------- Destinatário ------- Percentagem real
--1 510 926 ------------- P.S. ----- -----------17,34%
--1 128 660 ---------Part.Governo ------------12,95%
--- 308 831 ------------ C.D.U. ---------------- 3,54%
--- 167 026 ----------Bl. Esquerda ------------- 1,92%
--- 143 725 ------------ Outros ---------------- 1,65%
--5 498 919 -------- Abst.+Br.+Nl. ------------63,10%
--8 758 082 -----------TOTAL -------------- 100,50%
O total de eleitores inscritos era de (apenas) 8 714 220, enquanto que a soma dos votos contados foi 8 758 082, como se pode verificar acima, donde resulta a diferença, já referida, de 43 862 votos, a mais.
É interessante comparar estas percentagens (as reais), com as percentagens atribuídas a cada partido, pelos resultados oficiais (de hoje), que são: (P.S. – 44,52%); (Part.Governo – 33,26%); (C.D.U. – 9,1%); (B.E. – 4,92%).
Convenhamos que tem um significado completamente diferente ter 12,95% dos votos, ou ter 33,26%; tal como ter 17,34% ou ter 44,52%
Curiosamente, o número de eleitores a mais (que votaram duas vezes? Que foram contados duas vezes?) é muito próximo do número de eleitores que votaram branco. Eu sempre disse que, neste país, é um perigo votar branco, porque já fui presidente duma assembleia de vota e sei do que estou a falar; mas nunca me passou pela cabeça que esta gente fosse capaz de tal coisa, assim tão descaradamente. Será que estes indivíduos não percebem que, quando se faz uma coisa destas, numa função de tamanha responsabilidade, o mundo (o país) nunca mais é o mesmo? Não! Eles não percebem nada! Não têm noção de limite! São gente sem pudor, sem referências, sem dignidade, desonestos e sem princípios! Em suma, são criminosos (porque sabem que ficam sempre impunes).
Na minha cabeça surgiu a necessidade, premente, de fazer com que as pessoas soubessem disto. Através da Comunicação Social nem vale a pena tentar. Contactei, telefonicamente, o dito jornal e nada aconteceu. Se isto fosse, de facto, um país, onde se dão notícias, seria um escândalo! Mas não! Não se dão as notícias; “fabricam-se”, “inventam-se” notícias! Se “isto fosse um país onde as notícias fossem tratadas com seriedade, esta minha constatação teria sido, certamente, motivo de escândalo e noticia várias vezes repetidas, como “eles” fazem com as notícias, mesmo as inventadas, que querem tornar importantes e decisivas. Nada aconteceu!"

Perante estes resultados há dois factos que, para mim, não fazem sentido:
O primeiro é a nomeação de Santana Lopes, como primeiro ministro. Este governo tem menos legitimidade democrática do que os nazis. O facto, por si só, evidencia bem os conceitos, obtusos e reaccionários, dos nossos políticos, incluindo o Presidente. Até porque a superioridade da democracia reside, precisamente, no facto de permitir resolver todos os problemas, sem excepção, por permitir mobilizar todos os cidadãos e competências, sem excepção. É por isso, por causa destes conceitos obtusos, dos nossos políticos, que a nossa situação é tão má e tão sem esperança. É a mais elementar e cabal demonstração do nosso défice democrático. Mas o que a situação e a atitude dos responsáveis políticos pronunciam de tenebroso, é o mais assustador.
O segundo facto é o sinal, pérfido, que os responsáveis europeus deram aos respectivos povos, ao manterem a nomeação do cherne, para a Comissão Europeia, depois de ter recebido um tal "veredito" da população portuguesa. Para eles quanto mais odiado pelo povo, melhor!