2005/03/23

Mondlane foi Assassinado pela PIDE!

Eduardo Mondlane, dirigente da FRELIMO (Moçambique), na década de sessenta, do século passado, foi assassinado por ordem do Estado Português.
Os factos que vou relatar, foram descritos, na minha presença, numa conversa entre familiares e amigos, por um “filho da escola” que foi “desmobilizado” em 1970 e que terá, agora, cerca de 58 (ou 59) anos!
E perguntarão vocês: a propósito do quê, vem isto agora?
É que comprei, recentemente, (com a minha prenda de anos) um livro acerca da influência da NET no jornalismo e do jornalismo na NET, onde se referem, resumidamente, os “processos de descolonização”, incluindo o de Moçambique. Ao ler, lembrei-me desta história (que conheço há décadas) e achei que devia contá-la, por dois motivos:
(1) Porque nunca vi este facto assumido, como o é, por exemplo, o assassinato de Humberto Delgado.
(2) Porque me preocupam (abjuro) estas distorções dos factos históricos, de que todos estamos fartos, que tanto mal continuam a fazer, à humanidade, porque as mentiras em que assentam se repetem, todos os dias.
Além disso, eu não partilho aquela ideia niilista de que: isso de decidir o que é importante, ou não, para a história, é assunto de “quem de direito”; o que eu sei não tem a menor importância. Esta afirmação quase que é uma redundância, mas vale a pena relembrar. Acresce, também, que esta história se insere, perfeitamente, na “linha editorial” deste “blog”, de tratar factos verídicos e confirmáveis, ou abordar perspectivas plausíveis, sempre preocupantes, nem que seja apenas pelo facto de serem “plausíveis”. Neste “blog”, se alguma vez for referido algum facto duvidoso, será porque me enganaram, sem eu dar por isso (o que não é fácil, mas é possível). Vocês percebem o que eu quero dizer…
Deixemos os circunstancialismos e voltemos aos factos. Antes disso, apenas esclarecer, para quem não esteja familiarizado com o termo, que “filho da escola” é (era?) a designação assumida pelos fuzileiros.
Uma companhia de fuzileiros, que foi desmobilizada em 1970, partiu, em 1969, de Moçambique (de Lourenço Marques, actual cidade de Maputo), num navio da marinha de guerra portuguesa, com destino a Lisboa. Porém, antes de “tomarem o seu rumo” deslocaram-se, numa missão ultra secreta, a uma praia bem ao norte de Moçambique. Nesse navio, embarcou um indivíduo de porte “distinto”, muito bem vestido e cuidado, de raça negra. Quando o navio se aproximou da referida praia, a norte, esse mesmo indivíduo foi levado para terra, agora aparentando ser um qualquer nativo (preto) desgraçado, do mais ignaro e insignificante que se possa imaginar.
O navio retomou o seu caminho, rumo a Lisboa e, no alto mar, (não posso precisar se já no Atlântico), foi ouvida a notícia do assassinato de Eduardo Mondlane. Ao ouvir esta notícia, o comandante desse navio exclamou, para os homens que estavam próximos e podiam ouvi-lo: “Missão cumprida, rapazes!”. Donde “os rapazes” concluíram que tinham transportado o assassino de Eduardo Mondlane, na tal missão secretíssima.
Estes factos são facilmente confirmáveis, porque são homens de cerca de sessenta anos, hoje, estes “rapazes” que os testemunharam, que participaram deles.
Como, quando ouvi esta história, não me passava pela cabeça que haveria de “fazer crónica” dela, nem sequer fixei o nome do navio. Só posso dizer que fez escala em Luanda, porque me encontrei lá, com este meu conhecido. Eu tinha chegado a Angola havia poucos meses, com a “intenção” de ficar por dois anos (ou mais) e ele estava a regressar, para “passar à peluda”, ao fim de mais de três anos de ausência.
Portanto, esclareçam-se, descrevam-se, com verdade, os acontecimentos do passado, para melhor podermos aprender a interpretar os “acontecimentos” do presente, para não continuarmos a ser “presas fáceis” das mentiras ditadas pelos imperativos das estratégias das guerras, em que assenta a “lógica” destes crimes repugnantes.