2005/04/23

Quebra-cabeças, ou "manipulação refinada"?

Três amigos vão almoçar a um restaurante, onde são conhecidos de longa data.
No final do almoço, o empregado trás a conta. São 30 euros.
Cada um entrega uma nota de dez euros, ao empregado, que vai pagar, ao patrão. Este diz: “são clientes antigos; bons clientes, e por isso as entradas são por conta da casa”. Paga-se, apenas de 25 euros e devolve cinco moedas de um euro, ao empregado.
O empregado decide devolver uma moeda de um euro a cada cliente, dizendo que o patrão tinha feito um desconto (de dez por cento) e embolsando as restantes duas moedas (2 euros).
Portanto, cada um dos três amigos pagou 9 euros (10 que entregaram, inicialmente, ao empregado, menos um euro, que lhes foi devolvido). Logo, no total, pagaram 27 euros (3 vezes 9 são 27).
Mas se entregaram 30 euros, para pagar a conta, e só pagaram 27 euros, faltam 3 euros. Visto que o empregado só embolsou 2 euros, que é feito do euro, que falta? Onde anda essa moeda de um euro?
Coloquei esta “história”, aqui, porque ela é um bom exemplo de manipulação de raciocínio, refinada.
E como sei que a grande maioria dos que vão lê-la, que não tenham conhecimento prévio da “charada”, não conseguem resolver o problema, nem mesmo que façam o exercício de “meditar um pouco” sobre o assunto, vou deixar a solução nos comentários. Assim, quem quiser descobrir, por si, pode fazê-lo: basta não aceder aos comentários sem ter chegado à resposta.
Depois de conhecerem a resposta e de terem passado pela sensação estranha que se vive, entretanto, poderão compreender melhor porque é que eu acho que este é um bom exemplo de manipulação refinada. O pior é que nos confrontamos todos os dias com coisas destas, sem darmos por isso, ficando “amarrados” a ideias que julgamos nossas, mas que nos são incutidas assim e que são completamente falsas.
É assim, tal e qual, que funciona o nosso sistema judicial… (e o sistema político também). Mas também é assim, tal e qual, com aquela sensação estranha e incómoda, que nos sentimos sempre que presenciamos, ou nos vemos envolvidos em (ou somos vítimas de) coisas destas. É por isso que a mentira não pode “enganar todos sempre”!