2005/05/04

A lei do Aborto e a Democracia!

Este é um dos temas que tinha para abordar. Acontece que, como é normal, o amigo Raul de "Congeminações", fala do assunto, neste post. Lá deixei o seguinte comentário:
"Meu caro amigo, não concordo nada com a sua abordagem nem com a decisão do Presidente.
Da parte do Presidente não me surpreende, porque já o temos visto assumir outras atitudes semelhantemente reaccionárias, que não se coibe, sequer de exibir em público, expondo-se ao ridículo (como recentemente, quando sugeriu que a GNR passasse a andar atrás dos condutores, à paisana, em carros civis. Só daquele indivíduo...). Este é só mais um exemplo.
Quanto a nós, acho que já é tempo de começarmos a ter outra visão, mais dinâmica e objectiva, da sociedade, da sua forma de funcionar e da velocidade a que as ideias das pessoas evoluem.
Por melhores que sejam as intenções, é tempo de deixarmos de lado as ideias feitas e arriscarmos no sentido de maior democracia.
Para que as pessoas se interessem e se mobilizem é necessário que percebam a importância dos actos. Para que percebam a importância dos actos, nada melhor do que serem chamadas a pronunciar-se sobre eles.
Neste país há referendos (e democracia) a menos e não a mais. Isso tem de passar a ser uma coisa simples, rápida, segura, funcional, que permita desbloquear a paralisia das instituições e permita assumir e fazer aplicar as medidas prementes para resolver os problemas da sociedade.
Não é o caso do referendo acerca da lei do aborto, mas o argumento usado é extensível a quaisquer outras consultas (que nem sequer estão nos horizontes, apesar de enormidade de disparates que se ouvem aos políticos e da ausência de saídas para que isto melhore). Por isso, acho que o referendo se devia fazer, sim, o mais breve possível e que este tipo de consultas se deviam generalizar...
Todos temos que assumir, da melhor forma possivel, o nosso papel, na sociedade, mas não devemos pretender desempenhar (apropriar) o papel dos outros. Embora devamos estar atentos à demagogia, desafazendo-a, tal como devemos desmascarar todas as opiniões intoxicantes e combater o obscurantismo, discutindo e divulgando mais e melhor cultura, temos que confiar na maioria das pessoas. Temos que começar por "correr o risco", para que todos possamos melhorar (porque sozinhos também não vamos a lado nenhum). Vivemos em sociedade e só como sociedade e com a sociedade é que pudemos crescer. Temos que rejeitar todo o tipo de paternalismos e subalternizações destas, porque é assim, com essas desculpas e essas "boas intenções" é que se "instalam" os ditadores. "
Para concluir, apenas dizer que, para mim, não é nada evidente que o resultado do referendo fosse pior do que o anterior; isso deve-se à análise reaccionária do Presidente, acerca deste tipo de coisas, à sua total falta de consideração pelas pessoas. Ele é que não devia ser Presidente! Os cidadãos portugueses não merecem ser representados por uma pessoa que assim os despreza (e o asssume sem pudor). Cada um não se importa, com este tipo de avaliações, porque acha que o insulto é destinado aos outros. Só que, em casos destes, não existem "outros". Para ele (Presidente) somos todos iguais e igualmente desprezíveis. Se não acreditam experimentem escrever-lhe a expor algum caso escandaloso, ou a manifestar opiniões sinceras, acerca da situação do País e respectivas vias de solução e logo verão o valor que vocês têm, para o Presidente. Olhem que eu sei do que é que estou a falar...
Aliás, esta atitude do Presidente tem influência nalgumas pessoas e contribui para baralhar as opções e incentivar o descrédito mútuo. Dito assim até é um autêntico insulto, aos cidadãos, (normal no Presidente) que nem sequer têm possibilidade de se defender; de mostrar que não é verdade. Isto tem de acabar. Em vez de ultrajar a população, o Presidente devia actuar dignamente, para influenciar positivamente as atitudes dos cidadãos.
Esta atitude do Presidente é premeditada, e má. Bem na linha do que tem sido o seu mandato, sempre a decidir contra os nossos interesses e a ultrajar-nos.