2005/06/03

Crise, Desemprego e Desenvolvimento!

Sobre este tema: "O desemprego, o desenvolvimento e Keynes", em "Actos Irreflectidos", deixei este comentário:
"Discordo, no essencial, de três coisas:
(1) e a mais importante! Eu não precisaria de sugerir tamanho disparate (descalcetar e voltar a calcetar as ruas), para obter um resultado muito mais eficiente. Mas isso é no Portugal de hoje, numa situação que eu conheço bem... Não sei como seria na América daquela época. O facto é que existem umas quantas medidas (algumas que já deviam ter sido tomadas há muito e que vão passando de urgentes a urgentíssimas a...) que, para além de produzirem aquele mesmo efeito, podem tornar irreversível a melhoria do nível de vida de toda a população.
(2) Tenho formação na àrea da Engenharia e não me parece que o problema seja de dicotomia entre formações académicas. Neste tipo de coisas há que escutar quem tem ideias sensatas, que procurar as soluções onde elas se encontrem (não são as formações académicas que determinam o nível de "inspiração" das pessoas). Claro que, para isso, para encontrar as soluções, é necessário saber avaliar a "bondade" das ideias, das medidas propostas, coisa que não me parece ser o caso dos nossos governantes. Acresce que, quanto maior for o número de opiniões que se ouçam e se levem em conta, maior é a possibilidade de "acertar". Para além de se promover a mobilização dos respectivos cidadãos, por se identificarem com as medidas, por terem participado na sua definição... A mim não se me dá qual a formação académica do "indígena", desde que tenha boas ideias e/ou seja capaz de as pôr em prática...
(3) Cá não se resolvem nem os grandes nem os pequenos problemas! Se se resolvessem, com rigor, os pequenos problemas, nem os grandes seriam tão grandes. Falha tudo! É necessário tomar medidas de fundo, estruturais, com rigor e dignidade, mas a única forma de garantir o êxito dessas medidas é resolver todos os problemas pontuais que forem surgindo, por dois motivos: primeiro porque tem efeito mobilizador sobre as vontades; segundo porque tem efeito rectificador sobre a execução adequada das medidas gerais implementadas. Cá, o que se faz é olhar para cada situação de forma parcial e tendenciosa, de forma tacanha, imbecil, abstracta e analfabeta, e "investir" com uma solução empírica que, na prática, não resolve nada, não é "solução". É o caso, por exemplo, da suspensão das antecipações das reformas...
Nem sei para que é que a gente se cansa, por aqui, a falar destas coisas, se ninguém nos ouve, porque "eles", para além de serem broncos e cretinos, ainda são surdos e gratuitamente prepotentes..."