2005/06/03

A "moralidade" do Ministro das Finanças!

Com o título: "O Bom Ministro!", o mocho, publicou em: "Objectivo Portugal", o seguinte texto:

"Luís Campos e Cunha, ministro de Estado e das Finanças, acumula o ordenado de 6759 euros com uma reforma do Banco de Portugal (BP) no valor de 114 mil 784 euros anuais (cerca de 23 mil contos).
O "plano de pensões de reforma e sobrevivência" aplicável aos membros do conselho de administração do Banco de Portugal (plano III), que permite, ao actual ministro, a pensão de 114 mil euros anuais, entrou em vigor em Fevereiro de 1998, graças à nova lei orgânica do banco. O ministro das Finanças era António Sousa Franco. E foi Sousa Franco quem, por proposta do conselho de administração do BP, criou este novo regime de pensões contributivo. António Sousa e Luís Campos e Cunha ocupavam, nessa data e respectivamente, os cargos de governador e vice-governador do Banco Central Português. Aos membros do conselho de administração basta concluir um mandato para beneficiar do regime do Fundo de Pensões do BP.
Em 2004, Luís Campos e Cunha declarou rendimentos que totalizam 216 300 euros. Os rendimentos de trabalho dependente renderam menos de metade do total: 101 516 euros. Isto é: recebeu mais de "pensão de reforma e sobrevivência" do que da sua actividade. A pensão paga pelo Fundo de Pensões do Banco de Portugal foi superior aos rendimentos obtidos por Campos e Cunha enquanto professor catedrático de Economia da Universidade Nova de Lisboa (UNL). O ministro foi director da Faculdade de Economia daquela universidade publica.
Aqui está mais um contributo para combater o défice!"
Fim de transcrição.

E é este tipo de gente que decide medidas que asfixiam, por completo, a economia e os cidadãos. Medidas que não deixam "margem de sobrevivência" (e muito menos de sustento das famílias) a muitos de nós. Com que moral? Com que direito?
Já em tempos publiquei dois "posts" em que me insurgia contra o facto de haver, sobretudo nos cargos de nomeação do governo, indivíduos destes que, para além dos vencimentos escandalosos que recebem, ainda chulam "pensões de reforma e sobrevivência", às instituições nacionais. Até porque, das duas uma: ou esta gente está no activo e não deve receber "pensões de reforma e sobrevivência" (muito menos de valores tão escandalosos), ou estão reformados (passaram de prazo, como eu acho) e não podem ocupar cargos remunerados. Ainda por cima para apenas fazerem disparates como aqueles a que estamos a assistir. E depois não querem vocês que eu diga que somos controlados por mafiosos. Porque outro motivo tem de ser este tipo de gente a ditar "as medidas" para o país? Nem as suas competências (que não têm), nem as medidas que preconizam (que são autênticos crimes) justificam estas escolhas. Para fazer tanto disparate qualquer um serve (aliás eu teria dificuldades, muitas dificuldades, em fazer tanta asneira).
Entendamo-nos, meus senhores! Isto é desonestidade, é uma vergonha, sobretudo praticado por quem se arvora o direito de nos impor medidas draconianas, ainda por cima inúteis para resolver os problemas, em vez de optar (ou deixar que outros o façam) por soluções dignas, eficientes, justas e democráticas, que podem, de facto, resolver os nossos problemas.
Se os trabalhadores não se podem reformar antes do 65 anos, porque é que esta gente pode? Ainda por cima continuando a exercer funções, com vencimentos escandalosos? Isto não é chulice? Por acaso o estado em que o país se encontra "justifica" que se premeie, assim, alguém pelo seu desempenho passado? Se eles tivessem sido competentes o país não estaria na situação catastrófica em que se encontra.
Além disso é uma questão de coerência e dignidade mínimas. Não se pode pedir sacrifícios incomportáveis aos outros, enquanto que, quem pede os sacrifícios, se apropria, assim tão descaradamente, dos recursos do país. Depois queixam-se de que, quem passa dificuldades e problemas, meta baixa e vá trabalhar, para aumentar os seus proventos. Isto é bem mais escandaloso e bem pior. Esta gente não tem vergonha, nem dignidade, abusam do poder e das suas competências, ao decidirem coisas destas para seu próprio proveito. Enquanto houver situações destas, o governo não tem legitimidade, nem moral, para impor sacrifícios aos cidadãos...