2005/07/28

“Apostar” na Inovação e Desenvolvimento!

Aqui e também em Editorial
Desde há meses a esta parte que temos vindo a ouvir os políticos (e outros teóricos quejandos) dizerem que há que “apostar” na Inovação e no Desenvolvimento.
É caso para dizer, com o outro, eles falam, falam, falam…
É caso para dizer que “ELES” ou acreditam em “milagres” e pensam que as suas palavras têm poderes mágicos, ou então andam a nos enganar (a tentar nos enganar com conversa fiada), como é costume. Vocês não acham que, ao fim de tanto tempo a falar de “Inovação e Desenvolvimento” já era altura de se ver algum efeito?
Já o disse, várias vezes, mas nunca é demais repeti-lo (até que todos percebam bem as implicações do “dito”); a nossa situação está tão má, em tantos sectores que, se em algum desses sectores se começassem a tomar, realmente, efectivamente, as medidas adequadas, isso far-se-ia sentir, de imediato, na sociedade, de forma benéfica e positiva. É por isso que é tão difícil nos enganarmos, quanto à honestidade e idoneidade das promessas e das intenções. A bem da verdade, não é só por isso; por aqui, procuramos manter-nos bem informados, por mais saturante que isso seja.
Porém, acho que temos que colocar as coisas no seu lugar, também nesta questão. A partir das declarações que temos ouvido, nem sequer é possível responsabilizar os respectivos “DECLARANTES”, por não fazerem o que dizem…
Reparem que o que eles dizem, quer quanto à inovação, quer quanto à educação, quer quanto à formação e desenvolvimento (quer em relação a muitas outras matérias) é que… vão (estão a) APOSTAR em…
Ora, se analisarmos bem o significado da palavra “Apostar”, o que é que percebemos? O que é que significa?
Em linguagem comum significa que se selecciona um “palpite”, se investe nele (segundo as regras do respectivo jogo) e se deixa o acaso fazer o resto. Há quem lhe chame, ao acaso, a sorte (ou o azar, conforme o resultado), mas, em rigor, é mesmo o acaso.
A situação (e a confusão que se cria) é tal que até nos fóruns de discussão pública se ouvem estas generalidades, quando se trata de apontar soluções, por isso se impõe desmistificar “a coisa”.
É que, nos jogos de fortuna e azar, cuja terminologia é adoptada, pelos nossos responsáveis, ainda existe alguma hipótese de o acaso (a sorte) “favorecer” uma qualquer aposta. Na “nossa” política, na nossa sociedade, as hipóteses de, apostando e deixando o resultado ao acaso, ganhar a aposta, estão, actualmente, reduzidas a zero…
Porque é que estão reduzidas a zero? Isso é uma questão que se prende com uma série de factores que já aqui foram abordados inúmeras vezes.
Tem que ver com o funcionamento (não funcionamento) da Justiça, da Educação… das Instituições do Estado que, desde há muito tempo, estão transformadas em autênticos obstáculos bloqueadores da economia, etc., etc., etc.. Tem que ver, em suma, com o facto de nada, neste país, funcionar como deve, de ninguém ser responsável pelo que quer que seja, de os nossos políticos e responsáveis se terem acomodado à condição de espectadores das nossas desgraças, cuja responsabilidade empurram, sempre, para os outros; ou então para um fatalismo caído do céu!
Este post foi-me “inspirado” pela mais recente contribuição de Xipsocial, no Editorial.
Porquê?
Porque um bom exemplo do que quer dizer, na terminologia dos nossos políticos e responsáveis, apostar na inovação, pode constatar-se no que se refere à gestão dos recursos energéticos e à questão da opção pelas energias renováveis. Mas, se vocês quiserem, o que se passa com os incêndios florestais, abordados noutro artigo, também pode servir de “ilustração”…
Todos sabem que, se se adoptassem e implementassem as técnicas conhecidas e disponíveis, em matéria de economia de energia e aproveitamento das energias renováveis, a nossa situação económica não seria tão desastrosa.
Mas há muitos outros exemplos…
Então, que tipo de motivação têm as pessoas para se empenharem na “inovação”? Para ser usada onde, se não se faz uso dos conhecimentos e técnicas que existem, apesar da sua premência?
Porque é que isto se passa assim? Isso também já foi referido várias vezes!
Porque há por aí uns obtusos, umas “forças de bloqueia”, que nada fazem nem deixam fazer, a menos que sirva os seus mesquinhos interesses de corrupção! Amuam, fazem birra, queixam-se aos Sindicatos e a outras corporações porque lhes usurpam as competências… e acabam sempre por verem sancionados os seus crimes, com estes e outros estratagemas ainda piores.
Querem um exemplo bem escandaloso? É o que se passa no Processo Casa Pia, com a protecção dos mais abjectos crimes, por parte de gente com cargos de alta competência que, ainda assim, mantém os cargos e a “confiança” dos políticos do topo da hierarquia. Esta gente é louca e imaginam-se “reis da porcalhota”, pensam que, tal como acontecia no regime feudal, em relação aos soberanos, bastam eles para prestigiar, ou não... Não vêem que, com isso, apenas conseguem comprometer o seu próprio prestígio, ao afrontarem os sentimentos dos cidadãos.
Não adianta escamotear o essencial das questões! É este tipo de situações, de irresponsabilização de alguns, seja qual for a gravidade dos seus actos, que impede o nosso desenvolvimento, que impede a inovação, que impede… (tudo o que não seja as suas negociatas mafiosas). Aqui dá vontade de perguntar se somos seres humanos (capazes de resolver problemas) ou se somos ratos… e espero que não se encostem, todos, a um canto a roer queijo…
Portanto, meus amigos, se nós queremos sair disto, temos de responsabilizar os políticos, para que eles tenham de responsabilizar todos os outros. A abstenção tem de ser valorada, porque só vendo o tacho em perigo é que esta gente vai aprender a ter dignidade e vergonha. Só quando não tiverem outro remédio é que eles vão olhar para as coisas como deve ser e deixar de “Apostar”, para passarem a FAZER o que tem de ser feito para resolver os nossos problemas.