2005/07/10

Nós e “O Estado do Mundo”!

Aqui e também em EDITORIAL
Nesta semana, que passou, um dos assuntos “internos” mais importantes foi “o debate do Estado da Nação”. Mas eis que, no meio do “show”, outro assunto, de maior impacto, se lhe sobrepôs: o regresso dos atentados terroristas, desta vez em Londres.
Por isso, e também porque existe realmente “globalização” nestas matérias, decidi colocar, no título deste artigo: “O Estado do Mundo”.
Nós também temos o nosso terrorismo, de trazer por casa, com que nos preocuparmos. A continuação da “saga dos incêndios florestais” aí está para prová-lo; mas, na essência, este tipo de questões têm o mesmo “suporte” comportamental (quer de quem governa, quer de quem é governado).
Para aqueles que me viram, durante meses, a recusar discutir os assuntos que estavam na moda, deve ser uma surpresa a mudança dos últimos tempos. Mas eu sou assim. As “opções” só duram enquanto se justificarem.
Vem tudo isto a propósito dos mais recentes atentados terroristas, em Londres. Já o disse, e não vou deixar de o dizer, a menos que me provem, inequivocamente, que não tenho razão, que todos estes atentados fazem parte duma cabala monstruosa, de autoria dos responsáveis americanos, para justificar a “luta contra o terrorismo”, incluindo, obviamente, a manutenção da ocupação do Iraque.
Quero dizer com isto que todos estes atentados são cometidos por gente que controla o governo americano (incluindo os préstimos da CIA). As evidências que fundamentam o que digo são aos milhões, não sendo de desprezar a avaliação da proveniência das “capacidade” dos terroristas e da ineficiência da “luta contra o terrorismo”. Pois sejamos rigorosos e exijamos eficiência a todos os “envolvidos”.
Ontem mesmo deixei um comentário sobre este assunto, num site brasileiro, e alguém me respondeu, por “e-mail”, ridicularizando, desta forma: “E o mandante dos atentados foi o Papai Noel,...”. Assim mesmo! O site pretende ser de “midia sem máscara” e sem capacidade de pensamento autónomo, sem inteligência também, diria eu…
Respondi que era boa a comparação porque, afinal de contas, nós todos conhecemos tão bem a Al-Qaeda e Bin Laden como conhecemos o Pai Natal. É exactamente a mesma coisa, o mesmo tipo de “fábula”, só que o Pai Natal da fábula é o Herói e o Bin Laden é o monstro (até por isso, não tem a menor hipótese de existir).
Mas os “midia” são mesmo assim: a partir do momento em que construam uma qualquer fábula, não admitem que alguém lha “roube”, por mais absurda que seja, porque acham que perdem a “sua identidade”.
Então deixemos falar, através dos “midia”, alguém que conhece, pessoalmente, Bin Laden.
Num artigo, publicado no Expresso, em 2002, foi entrevistado um tal P. J. Almeida Santos, apresentado como “o Taliban Português” (eu nem sabia que também tínhamos disso…). Aqui ficam alguns excertos do que foi dito, embora de forma a fazerem sentido, ao contrário do que pretendeu o entrevistador:
“O ataque ao World Trade Center foi um erro estratégico. …mas eu não estou a dizer que foi Bin Laden a mandar os aviões, eu tenho dúvidas… O Corão e o Islão proíbem, terminantemente, a morte de mulheres, de crianças e de velhos, a morte de inocentes… Está a dizer que há uma diferença entre o Bin Laden que você conheceu e… …e aquele de que se fala. Exactamente! Bin Laden preferia perder a guerra, a matar inocentes… Mas… e o 11 de Setembro? Este é um dos motivos porque tenho dúvidas de que tenha sido Bin Laden, que até recusou, com veemência, o auto financiamento da Al-Qaeda, com dinheiro da droga, porque a droga destrói famílias… O Bin Laden que eu conheço é um tipo que admiro, pelo qual rezo… Eu sou aquilo que sou e tento dizer sempre a verdade. E o que disse aqui é verdade? Sim!”
E chega, porque esta entrevista também parece querer esconder mais do que revela. É tão superficial, tão pobrezinha, de ambos os lados…
Portanto, como vêem, o Bin Laden que realmente existe é uma pessoa com defeitos e virtudes; com virtudes suficientes para ser aceite como líder… o que não é bem o caso da maioria dos governantes do Mundo, que não contam com o apoio da maioria dos respectivos povos, não lideram coisa alguma, se apoderam do poder socorrendo-se de tudo, até de crimes.
Ou seja: o Bin Laden de que se fala, o monstro, não existe. Foi inventado para que nos impor o medo, o terror que, uma vez instalado, o Mundo é deles (dos manipuladores).
Porém, tudo o que fica dito atrás são apenas os considerandos. Vamos ao que interessa!
As grandes campanhas de manipulação da opinião pública têm como pressupostos incutir-nos ideias (já prontas a consumir, não é preciso pensar) e conclusões (entre as quais o medo e o terror, paralisantes) que representam um enorme retrocesso filosófico e intelectual para a humanidade.
Um dos principais objectivos e pressupostos desta manipulação é a inversão de critérios de modo a assegurar impunidade aos manipuladores, através da ausência de responsabilização dos que exercem os altos cargos.
Por isso, e independentemente das “crenças” (das crenças, porque isto, de tão mistificado que está, já passou a ser uma questão de fé…) de cada um, quanto a estas questões, proponho que sejamos exigentes e responsabilizemos quem tem de ser responsabilizado, em qualquer circunstância.
(1) Não se admite que, após quatro anos de “luta contra o terrorismo” e apesar da enorme quantidade de meios usados e de abusos cometidos, ainda haja atentados como os que ocorreram em Londres. Quem dirige esta luta tem de ser responsabilizado, se não porque é cúmplice, ao menos porque é incompetente.
(2) Não se admite que a guerra no Iraque continue, apesar de ter sido engendrada com base em mentiras, apesar dos elevados custos em vidas humanas, em meios materiais, em destruição do planeta, em poluição.
(3) Não se admite que os povos do mundo não tenham possibilidade de decidirem acerca destas matérias (e da posição assumida pelos respectivos governos, na ONU e no terreno), nem que os governantes nos ignorem, quais nazis, no auge do holocausto em que transformaram a política internacional.
Tal como defendo, para o sistema eleitoral interno, a valoração da abstenção, como forma de responsabilizar os políticos pelos seus actos,
Também defendo, ao nível da política internacional, que os povos se possam pronunciar sobre as questões da guerra e da paz e respectiva posição dos respectivos governantes.
Nas decisões da ONU, quanto a estas matérias, os governantes têm de passar a ter de fundamentar os seus votos e assumpção de posições (de apoio, ou não) com o resultado de referendos internos, convocados para o efeito, com total liberdade de expressão de todas as diferentes opiniões.
Para finalizar, fica um apelo: deixemos de encarar a discussão destas coisas como um exercício, eclético, de dedução, de conjecturas, intelectualizado e estéril. É preciso que cada um adopte uma posição e a defenda sempre, (de forma civilizada, é claro) intransigentemente.
Está em causa o futuro e o destino do Mundo e da Humanidade; por isso sejamos intransigentes, mesmo que apenas nas coisas simples e óbvias, como a responsabilização de quem falha e a defesa dos critérios democráticos.
Enquanto não adoptarmos estas atitudes como opção de vida, as coisas não podem melhorar, porque se sobrepõem as campanhas mistificadoras (destruidoras) como únicas “coisas” de que se “pode” falar, que se “podem” dizer.
O lema é não desistir nunca de defender o que é correcto, por maior que seja o coro dos imbecis. Voltar ao tema as vezes que forem necessárias, não ceder um milímetro da nossa posição, porque nós é que estamos com a razão, porque somos a maioria (e, portanto, temos todas as condições para vencer… se não desistirmos NUNCA).
Já agora, fica o link para o último post que publiquei acerca de como a CIA está a fabricar "produzir" terroristas, ler aqui.