2006/06/19

Em Retrocesso!

Publicado também em Editorial
Quando o País entrou abertamente em recessão (cumprindo os requisitos técnicos de recessão, porque “em recessão” já estávamos há muito) indignavam-me muito os “critérios” ditados pela EU para cumprimento do “Pacto de Estabilidade e CRESCIMENTO”. Como é que um país em recessão pode cumprir “crescimento”?
Cinismo puro donde resulta (resultou) menos estabilidade e mais retrocesso. Até porque não existe estabilidade sem resolução dos problemas… coisa que não interessa, bem ao contrário, aos Ditadores da EU.

Mas o País, tal como o Mundo (nalguma coisa, nas piores coisas, estamos à frente) está a sair dessa situação, a passo de… caranguejo; isto é: a andar para trás, ou seja: em retrocesso!

Voltarei a esta questão, a nível global, e ao papel da “elite negra”, de facínoras que se apoderou dos destinos do Mundo. Por agora apenas dois exemplos domésticos do que digo:

O encerramento de Maternidades
Desde há algum tempo que venho escrevendo aqui que: “Este blog está contra o encerramento das maternidades e apoia, incondicionalmente, a luta das respectivas populações para impedir mais estes CRIMES do governo”.

Pois é! A Maternidade de Elvas fechou e, logo no primeiro dia, uma mãe “transferida”, perdeu o seu bebé…
No segundo dia, outro bebé morreu, em Badajoz. Para além de tudo, o facto de o bebé ter morrido em Badajoz ainda torna mais difícil e mais dispendioso o funeral.
Estes crimes concretizam-se, SEMPRE, cedo ou tarde. Desta vez foi demasiado cedo e demasiados... Mas esta é apenas uma das faces, mais visível, das consequências destes crimes.
O encerramento de Maternidades não tem qualquer justificação e representa um retrocesso civilizacional.
Faço notar que, para além do mais, Badajoz pode denunciar, em qualquer altura, o acordo feito com o governo português… segundo os próprios assumem.

O Presidente a actuar
Neste post eu dizia que Cavaco segue os passos de Sampaio que institucionalizou a figura do “Presidente Papagaio”. Mas afinal enganei-me! Cavaco também actua. E como actua…
O Presidente vetou a lei que impunha uma quota de um terço de mulheres em lugares elegíveis, nas candidaturas…
Esta problema não se resolve com leis. Até porque as mulheres que habitualmente são colocadas em lugares de responsabilidade são seleccionadas entre o pior que há. Mas, afinal, parece que essa selecção é difícil, entre as mulheres…
Até porque se não é com leis que se resolvem estes problemas, mas com democracia a sério, a verdade é que uma lei assim, que se limita a impor uma quota de mulheres que representa, apenas, metade do número de homens, não pode nem deve constituir “problema”, ou apresentar problemas de implementação.
Até porque não é essa a proporção existente, na sociedade, entre os dois sexos e mal estarão as perspectivas de sobrevivência da espécie se e quando assim for – a extinção das espécies começa, sempre, com a redução drástica do número de fêmeas…
É assim do estilo de “uma lei que não devia ser necessária”, cuja existência deveria, para além da sua rigorosa aplicação, fazer os responsáveis meditar acerca do que está mal, como está mal, porque está mal e quanto está mal a sociedade… Há muitas outras leis semelhantes que nem por isso deixam de se justificar…
Portanto, o veto do Presidente é, também ele, um retrocesso civilizacional, uma confissão, grosseira e obscena, de reaccionarismo, de machismo, de arrivismo… bem ao estilo deste Presidente, muito mais do que os “discursos de esquerda”, ou as preocupações com a exclusão que não passam de demagogia, de encenação.

O curioso é que não vejo as organizações feministas a denunciarem este acto como ele merece ser denunciado: sem descanso, com frontalidade e com rigor…

Indignação e contestação:
O governo anunciou uma lei anti-tabaco. Logo se levantou um coro de contestatários, instigados e protegidos, promovidos, pelas tabaqueiras, a tal ponto que a lei foi alterada de modo a se transformar em inócua, como convinha àqueles interesses… Mesmo sabendo-se que isso se faz à custa da saúde de todos e da protecção dos direitos duns (que não têm obrigação de fumar os cigarros dos outros).
Pior! Mesmo sabendo-se que, em inquéritos de opinião, mais de 70% das pessoas se pronunciaram a favor da publicação da lei, como aconteceu no portal do Sapo…

Não adianta esperar que os fumadores cumpram, voluntariamente, a lei, até porque os mesmos interesses que ditaram a sua alteração ditarão, também, a sua não aplicação. O facto é evidenciado pelos absurdas da argumentação dos fumadores, pela “lógica da batata” usada, assim à semelhança dos drogados que, ansiosos pela “dose”, não vêem nada nem respeita quaisquer regras…

Ao mesmo tempo assistiu-se, por exemplo (é apenas um dos muitos exemplos) à publicação dum célebre acórdão do STJ onde, não apenas se “legitimam”, ao arrepio da lei, os maus tratos sobre crianças, como se incentivam esses maus tratos classificando de “negligência educacional” a não aplicação de maus tratos…
Sobre isto levantaram-se alguns protestos e, de vez em quando, o assunto volta às crónicas, ou aos escritos menos lidos, mas nada aconteceu…
E os maus tratos continuam, porque são encarados como normais… a mando do STJ…

Na mesma linha e na mesma altura foi conhecido, também, o acórdão do STJ (feito de encomenda porque o anterior, mais civilizado, foi rejeitado), sobre o caso da Pequena Joana , a criança desaparecida, no Algarve…

Das diferentes contestações verificas, resultou que só a “contestação” dos fumadores teve sucesso…
Ou seja: no “activismo” cívico (manipulado), deste país, a “luta” pelos direitos duns quantos a prejudicarem a saúde de todos, é escutada e atendida, tem êxito… Enquanto que as vozes e a indignação, generalizadas, que se levantaram em defesa das crianças e do seu direito a tratamento civilizado, bem como pelo correcto funcionamento da justiça… são ignoradas, esquecidas e silenciadas…
Alimentar o vício de uns, à custa da saúde de todos é importante; mais importante do que a defesa das crianças (ou o bom funcionamento da justiça)… que assim ficam sem voz, muito antes de verem reconhecidos e respeitados os seus direitos

Este é outro exemplo de mais um passo atrás, no caminho da civilização.
E o Parlamento?
Perante tudo isto o que fazem os Deputados? Que eco se ouve, naquele antro de inúteis, das preocupações e da indignação dos cidadãos? Não se esqueçam que "eles", aqueles 230 espantalhos que custam uma fortuna ao País, é que foram eleitos para "garantir a democracia"...
Mas eles acham que isto não lhes diz respeito. Nem como cidadãos têm obrigações. De garantes da Democracia passaram a assumir-se como "fiadores do défice democrático", como proprietários da democracia. Eles acham que são a democracia...
E por isso se dão ao luxo de, de comum acordo, suspenderem os trabalhos parlamentares para assistirem a um jogo de futebol (a outra face da democracia que nos impõem), continuando a protagonizar escândalos, à compita com a justiça, o governo... e por aí fora.
Está tudo entulhado de lixo e, para "arrumar a casa" é necessário, em primeiro lugar, desentulhar o lixo... é por isso que eu defendo a valoração da abstenção!


Aviso:

- Este blog está contra o encerramento das maternidades e apoia, incondicionalmente, a luta das respectivas populações para impedir mais estes crimes do governo.

- Este blog luta contra este sistema eleitoral vigarista, pela valoração da abstenção, como condição de elementar democracia, porque permite a responsabilização dos políticos, que terão de passar a ter em conta o querer e o sentir dos cidadãos; mas também porque permite poupar muito dinheiro, com a exclusão dos 87 deputados que NÃO foram eleitos.