2006/07/04

Os Êxitos Da Selecção.

O amigo Jumento publicou este post, onde deixei o comentário abaixo. Como o tema é actua, justifica-se que registe, aqui, a minha opinião:

"Pois eu, para não variar, discordo do post. (É que eu sou do contra! Já todos tinham percebido, mas vale sempre a pena relembrar...)
Só que, desta vez (também para não varia) é por uma boa causa!
Estou em desacordo com o post e estou muito feliz por a selecção portuguesa estar nas meias finais, que é como quem diz: ser uma das quatro melhores do Mundo...

Também acho legítimo que as pessoas vibrem com os êxitos da selecção, uma vez que não têm mais nada de jeito com que se orgulharem.
Também acho legítimo que os nossos emigrantes se desforrem das humilhações e desconsiderações chauvinistas de que são alvo, nos êxitos da selecção, que assim prova o que todos eles sentem: que, apesar da porcaria de classe política e dirigente que temos (o fraco Rei faz fraca a forte gente), nós cidadãos portugueses somos tão bons ou melhores do que quaisquer outros cidadãos em qualquer outra parte do Mundo.
Somos melhores e somos piores, conforme os casos, tal como todos os outros povos, mas não somos inferiores.

Só que isso não faz com que eu me ponha a berrar de alegria... porque é próprio de pessoas que não confiam no seu valor individual e colectivo; nem me poria a chorar se a selecção perdesse (perder), porque isso não afectaria a minha auto-estima, individual ou colectiva.
Os êxitos da Selecção são bons porque comprovam o que tenho dito; mas se a selecção perdesse (perder) a realidade, os factos, não se alteravam; só se confirmaria que, também ali, não existiriam os pressupostos básicos que permitem vencer, nada mais. Aliás a minha tese resultaria “provada” na mesma, porque há portugueses entre os melhores jogadores e treinadores do Mundo…

Dito tudo isto, resta explicar porque é que eu estou muito feliz.
É exactamente por isso! Porque, ao menos no futebol, prova-se, ruidosamente, o que sempre tenho dito: que somos tão competentes e tão eficientes como quaisquer outros. Que, também em Portugal, como no resto do Mundo, existem as soluções e as pessoas certas para cada cargo e função; que, reunidas as condições básicas, os nossos problemas colectivos são fáceis de resolver...
Por tudo isso, gostei, gostei, gostei!

Mas não tenhamos ilusões. Para que os nossos problemas se resolvam, para que as pessoas se mobilizem em torno das "soluções" é necessário que existam condições; é necessário fazer uma limpeza radical na nossa classe dirigente, é necessário que as pessoas conheçam as soluções; é necessário que exista discussão pública séria e democrática das opiniões e propostas que nos podem levar às soluções (ao controlo, apertado, da actividade dos políticos, a quem temos de pôr "rédea curta"), como é o caso da valoração da abstenção... e não só.

É necessária haver uma discussão séria, medidas políticas e económicas sérias, eficientes, democráticas e dignas, que permitam a mobilização das pessoas...

Finalmente, é necessário uma discussão pública e democrática séria e digna, de modo a romper o cerco da cretinice e da mesquinhez monopolizadora dos OCS, onde só se podem ouvir discursos e "opiniões" infames de gente abjecta que passa o tempo a nos insultar, como forma de ocultarem a sua perfídia e as suas responsabilidades.
O povo português não é mais nem menos primário ou incapaz que qualquer outro povo. O mesmo não se pode dizer das nossas elites.
Para haver mobilização é necessário haver quem mobilize. Aí é que está a "nossa desgraça".
Portanto, devolvam-nos a nossa representatividade usurpada, uma vez que não sabem nem querem usá-la dignamente, porque não têm dignidade...

Deste lado (dos que estão contra este estado de coisas e pretendem "ver um pouco mais longe") não tenhamos ilusões. As soluções existem mas é um trabalho árduo e difícil impô-las a uma realidade tão perversa como a nossa. Isso só se pode fazer com os outros; e isso só se pode fazer respeitando os outros e as suas opiniões, como queremos ser respeitados (eu quero e exijo); só se pode fazer com democracia, sem insultos, sem falácias mesquinhas e vis, tal como aquelas tiradas aberrantes, patéticas e patetas de que "a culpa é dos outros", é da "ignorância" (ignorante é quem assim fala) e outras tretas semelhantes, da treta... Com discursos de angústias existenciais, de desorientação psicológica, de derrotismo, de impotência, de presunção, ou de arrivismo não se mobiliza ninguém nem se constrói nada, nada se pode solucionar.Mas é possível, como vêem. Basta tomar as medidas adequadas, adoptar as atitudes correctas.É por isto, e só por isto, que eu adoro os êxitos da selecção!
E estou em desacordo com este post porque vem na linha dos discursos da treta, das críticas sem significando e sem impacto... porque falta apontar as vias de solução.
Que está mal já todos sabemos. Mas também estava mal no tempo de Durão ou de Santana e as criticas assim, com as substituições dos governo, não deram em nada, continuamos na mesma.
É preciso ter a coragem intelectual e a idoneidade de carácter, a firmeza e a clarividência para perceber que é necessário "ir mais longe" e como "ir mais longe", em que sentido, porque isso é muito importante para gerar a "mobilização" imprescindível.
É necessário que os objectivos sejam comuns o suficiente para mobilizar e não "lutas de galos", disputas, de grupos, pelo controlo do poder, porque isso só vai prolongar e agravar as nossas desgraças.

Portanto: Valorar a Abstenção...
E quem não tem capacidade, quem não souber, ou não puder, exercer os cargos a bem de todos, de modo a obter o apoio de todos, que se lixe, que se dane, que vá para o inferno, que deixe os cargos para pessoas dignas e idóneas, as mesmas que essa escumalha destrói, agora!