2011/04/07

Vem Aí O FMI. Quem Nos Acode? Fazer Como os Islandeses

Este texto foi adaptado dum comentário encointrado na edição online da Revista Visão

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Os protestos populares, quando surgem, são para ser levados até ao fim, ou não servem para nada.
A importância dos protestos populares levados até ao fim, quem o mostra são os islandeses, cuja acção popular, sem precedentes, levou à queda do governo conservador, à pressão para alterações na Constituição e à ida às urnas, em massa, para chumbar o resgate dos bancos em referendo.
Do "efeito" nulo dos "protestos populares", SEM LIDERES idóneos, que não servem para nada, que são apenas folclore... "nós" (e o que se passa nest País) somos um bom exemplo...


Resultados dos Protestos Populares na Islândia

Desde a eclosão da crise, em 2008, os países europeus tentam, desesperadamente, encontrar soluções económicas para sair da recessão. A nacionalização de bancos privados que abriram bancarrota, assim que os grandes bancos privados de investimento nos EUA (como o Lehman Brothers) entraram em colapso, é um sonho que muitos europeus nem se atrevem a ter. A Islândia não só o teve como o levou mais longe...

Assim que a banca entrou em incumprimento, o governo islandês decidiu nacionalizar os seus três bancos privados - Kaupthing, Landsbanki e Glitnir. Mas nem isto impediu que o país caísse na recessão. A Islândia foi à falência e o Fundo Monetário Internacional (FMI) entrou em ação, injetando 2,1 mil milhões de dólares no país, com um acrescento de 2,5 mil milhões de dólares pelos países nórdicos.

O povo revoltou-se e saiu à rua.

Lição democrática n.º 1:
Pacificamente, os islandeses começaram a concentrar-se, todos os dias, em frente ao Althingi [Parlamento] exigindo a renúncia do governo conservador de Geir H. Haarde em bloco. E conseguiram.
Foram convocadas eleições antecipadas e, em Abril de 2009, foi eleita uma coligação formada pela Aliança Social-Democrata e o Movimento Esquerda Verde - chefiada por Johanna Sigurdardottir, actual primeira-ministra.



Durante esse ano, a economia manteve-se em situação precária, fechando o ano com uma queda de 7%. Porém, no terceiro trimestre de 2010 o país saiu da recessão - com o PIB real a registar, entre Julho e Setembro, um crescimento de 1,2%, comparado com o trimestre anterior. Mas os problemas continuaram.



Lição democrática n.º 2:
Os clientes dos bancos privados islandeses, que foram nacionalizados eram, sobretudo, estrangeiros - na sua maioria dos EUA e do Reino Unido - e o Landsbanki, o que acumulava a maior dívida dos três.
Com o colapso do Landsbanki, os governos britânico e holandês entraram em acção, indemnizando os seus cidadãos com 5 mil milhões de dólares [cerca de 3,5 mil milhões de euros] e planeando a cobrança desses valores à Islândia.



Algum do dinheiro para pagar essa dívida virá diretamente do Landsbanki, e resultará da venda dos seus bens. Porém, o relatório de uma empresa de consultoria privada mostra que isso apenas cobrirá entre 200 mil e 2 mil milhões de dólares. Faltam 3 mil milhões de dólares...



O resto teria de ser pago pela Islândia, agora detentora do banco...
Mais uma vez, o povo saiu à rua.

Os governos da Islândia, da Holanda e do Reino Unido tinham acordado que seria o governo Islandês a desembolsar o valor total das indemnizações - que corresponde a 6 mil dólares por cada um dos 320 mil habitantes do país, a ser pago mensalmente por cada família a 15 anos, com juros de 5,5%.
A 16 de Fevereiro, o Parlamento aprovou a lei e fez renascer a revolta popular.
Depois de vários dias em protesto na capital, Reiquiavique, o presidente islandês, Ólafur Ragnar Grímsson, recusou aprovar a lei e marcou novo referendo para 9 de Abril.

Lição democrática n.º 3: As últimas sondagens mostram que as intenções de votar contra a lei aumentam de dia para dia, com entre 52% e 63% da população a declarar que vai rejeitar a lei n.o 13/2011.
Entretanto o país prepara-se para mais um exercício de verdadeira democracia: os responsáveis pelas dívidas que entalaram a Islândia começam a ser responsabilizados - muito à conta da pressão popular sobre o novo governo de coligação, que parece o único do mundo disposto a investigar estes crimes sem rosto (até agora).


Na semana passada, a Interpol abriu uma caça a Sigurdur Einarsson, ex-presidente-executivo do Kaupthing. Einarsson é suspeito de fraude e de falsificação de documentos e, segundo a imprensa islandesa, terá dito ao procurador-geral do país que está disposto a regressar à Islândia para ajudar nas investigações se lhe for prometido que não é preso.


Quanto às mudanças constitucionais, outra vitória popular: a coligação aceitou criar uma assembleia de 25 islandeses sem filiação partidária, eleitos entre 500 advogados, estudantes, jornalistas, agricultores, representantes sindicais, etc.
A nova Constituição será inspirada na da Dinamarca e, entre outras coisas, incluirá um novo projeto de lei, o Initiative Media - que visa fazer do país porto seguro para jornalistas de investigação (e de fontes) e criar, entre outras coisas, provedores de internet.

É a lição número 4 ao mundo, de uma lista que não parece dar tréguas: É que toda a revolução islandesa está a passar despercebida nos media internacionais.



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APELO!
Participação Cívica e Direitos Fundamentais:
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